Apple prepara ferramenta que vai facilitar a troca de dados entre iPhone e Android — e promete acabar com esta dor de cabeça
A Apple está desenvolvendo uma ferramenta batizada de AppMigrationKit, destinada a facilitar radicalmente a migração de dados entre iPhones e dispositivos Android.
A notícia foi publicada em 23 de outubro de 2025 pelo site Frandroid, que aponta que essa solução ainda está em fase de testes — e que já se encontram vestígios do seu funcionamento em linhas de código da versão mais recente do sistema operativo da Apple.
Em termos práticos, o AppMigrationKit permitiria mover não apenas aplicativos, mas também dados de apps, configurações e até arquivos armazenados localmente — e o mais interessante: funcionaria nos dois sentidos (iPhone → Android e Android → iPhone).

Além disso, espera-se que o recurso torne-se compatível com dispositivos rodando o sistema iOS 26.1 ou superior — claro, condicionando-se à implementação por parte de cada desenvolvedor.
Sempre que alguém me pergunta “por que trocar de sistema operativo dá tanto trabalho?”, eu respondo: porque há barreiras tecnológicas e de ecossistema que tornam a migração um trâmite desconfortável. A promessa da Apple vai exatamente na direção oposta: mais liberdade, menos atrito.
Para os usuários, isso significa menos “medo” de ficar preso em um sistema por causa dos dados — se você quiser passar de um iPhone para um Android, ou vice-versa, seu histórico, apps e arquivos estarão mais acessíveis.
No entanto, é fundamental notar um detalhe que não passa despercebido: essa iniciativa não surge “apenas” por bondade. A implantação da ferramenta está ligada também a obrigações regulatórias — em especial o Digital Markets Act (DMA) da União Europeia, que exige que grandes controladores de plataformas facilitem a portabilidade de dados dos utilizadores.
Na minha visão, é alentador ver a Apple dar esse passo — há muito tempo que se sente a necessidade de um maior grau de abertura e interoperabilidade no mundo dos smartphones. Uma migração de dados mais simples contribui para menos bloqueio de usuário (“lock-in”) e aumenta, de certa forma, o poder de escolha do consumidor.
Ainda assim, mantenho reservas:
- A implementação prática dependerá de cada desenvolvedor aderir ao sistema. Nesse sentido, pode haver “lacunas” no processo: apps menores ou menos atualizados poderão não suportar todos os tipos de dados ou configurações.
- O anúncio é “em progresso” — o AppMigrationKit está em fase de teste, e não há ainda confirmação de data exata de lançamento para todos os países ou regiões.
- A dependência de regulamentos pode levar a que a iniciativa seja vista como “reação obrigatória” em vez de uma estratégia inteiramente centrada no usuário. Isso não reduz o valor da ferramenta, mas implica que a motivação não é puramente “facilitadora”.
O mercado será muito mais dinâmico e facilitará as mudanças de sistema operacional
Para o mercado de smartphones, essa abertura crescente pode gerar um ambiente mais competitivo — se usuários sentirem menos risco ao trocar de sistema, fabricantes e ecossistemas terão de se esforçar mais para manter fidelização por qualidade, não apenas por “prisão de dados”.
Para o usuário comum, especialmente para quem tem dados preciosos — fotos, mensagens, configurações personalizadas — é um alívio imaginar que esse mobiliário digital possa migrar com mais suavidade. Eu, pessoalmente, já experimentei o desconforto de “me deixar um iPhone ou Android para trás” ao trocar de aparelho, e ver esse cenário se tornar menos traumático é bom.
Por outro lado, ainda recomendo cautela: antes de migrar, continue a fazer backup completo, verifique se os apps que mais usa são compatíveis e esteja preparado para eventuais percalços iniciais.
A proposta da Apple com o AppMigrationKit representa um avanço encorajador rumo à interoperabilidade. Como jornalista, vejo-a como um ganho para o ecossistema — embora não deva ser considerada uma solução perfeita ou definitiva. Vamos acompanhar de perto os próximos passos, especialmente quando a funcionalidade for oficialmente lançada e testada no “mundo real”.